Finanças a dois? Descubra como fazer essa equação dar certo

Como diz o ditado, ‘quando o dinheiro sai pela porta, o amor sai pela janela’. A falta de gestão financeira entre o casal pode ser causa de muitas discussões. Segundo especialistas, não há fórmula pronta para o sucesso financeiro a dois, mas é fundamental tratar do assunto com transparência, disposição e planejamento.

De acordo com a psicoterapeuta Aline Campos, professora e supervisora clínica do curso de Psicologia do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), a dificuldade em lidar com finanças é um dos principais temas tratados em consultórios. “Os casais muitas vezes trazem diferenças na forma como lidam com o dinheiro, na relação de como gastar, como investir, como dividir as contas”, pontua.

Para Aline, o primeiro passo do planejamento financeiro é ter uma conversa decisiva sobre a forma de conduzir as finanças da família. “É um poder ouvir o outro, saber as necessidades de cada um, medos de cada um e o que eles podem fazer para superar esses medos. Um tentar entender o ponto de vista do outro e começar a sugerir soluções que contemplem as necessidades dos dois”.

Durante essa primeira conversa, a planejadora financeira pessoal Andréia Fernanda recomenda aos casais tentar entender o que o dinheiro significa para cada um e como essa percepção influencia no momento de organizar as contas. “Por exemplo, para algumas pessoas dinheiro significa segurança, portanto, a pessoa tende a economizar mais e pode chegar a ter pavor de gastar. Para outros significa liberdade, o que leva a pessoa a querer gastar mais”, disse Andréia Fernanda, que é especialista em Estratégia Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em Psicologia Econômica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

O educador e terapeuta financeiro Jônatas Bueno, membro da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, acredita que as conversas periódicas vão ajudar a identificar para onde os parceiros querem ir e como devem fazer para chegar lá. “Se o casal quer ter uma vida de realizações ou se quer ter uma vida de aproveitar mais o presente. É muito difícil falar de dinheiro sem falar de relacionamento”, enfatiza.

Diagnóstico financeiro

Para começar a economizar, Jônatas sugere anotar por 30 dias todas as despesas. “A questão é anotar o gasto quando ele acontece, consolidar por categoria e identificar para onde está saindo o dinheiro, se está gastando muito em alimentação, ou transporte, ou gastos com assinatura, por exemplo, itens que não estão saltando aos olhos, mas quando você faz o diagnóstico você percebe aquele gasto”.

O objetivo é cortar do orçamento tudo o que for supérfluo, renegociar serviços e fazer escolhas mais baratas, como mudar de uma casa grande para uma menor ou morar perto do trabalho e vender o carro. “A família com diagnóstico na mão toma decisões financeiras com objetivo de otimizar o orçamento”, indica o educador.

Divisão de despesas

Andréia Fernanda recomenda que o planejamento conjunto precisa contemplar o estilo de vida, investimentos e experiências. Como sugestão, ela indica que a planilha de despesas pode ser dividida da seguinte forma: necessidades (despesas mensais e recorrentes); doações; diversão e lazer e investimentos. Entre os investimentos, podem ter diferentes objetivos: liberdade financeira (previdência privada e outras aplicações de longo prazo); para projetos de vida e metas como aquisição de imóvel, troca de carro, faculdade do filho, viagem para o exterior; e para emergências, planejamento essencial enquanto o casal não atinge a liberdade financeira.

Se for da vontade do casal, os educadores financeiros sugerem uma cota pré-estipulada para gasto individual sem necessidade de declaração na planilha, para ambos gastarem o valor como acharem melhor.

A planejadora afirma que é fundamental que a planilha seja administrada e organizada pelos dois. “É legal, neste ponto, definir um responsável pelo pagamento das contas e quem acompanhará o planejamento. Mas os dois, sempre, tem que ter um dia definido para avaliar o que está acontecendo, quais as estratégias possíveis para solucionar problemas e quais as estratégias possíveis para intensificarem os projetos e investimentos”, disse Andréia Fernanda.

Na avaliação do educador, “se a família faz o diagnóstico, enxuga o orçamento, identifica os sonhos e, dentro do orçamento doméstico, prioriza os sonhos e poupa para isso, em geral, consegue muito rapidamente ter uma transformação financeira”, conclui Jônatas Bueno.

Na ponta do lápis

A servidora pública Tais Brancher Bertoncello é casada com o arquiteto Maurício Winter Nicola há 13 anos. Para o controle das contas, o casal, que mora no setor Sudoeste, em Brasília, lança em uma planilha a previsão de gastos e, posteriormente, as despesas efetivas.

“Cada um paga uma parte das despesas fixas e eventuais, e depois lançamos os dados na planilha no fim do mês. Quem gastou mais recebe do outro por transferência bancária a diferença. Também temos contas conjuntas separadas onde depositamos dinheiro que economizamos para o futuro das nossas filhas”, contou Tais.

O casal periodicamente faz um controle para checar o que é prioridade ou não. “A cada seis meses é feita curva ABC para identificação das despesas significativas e planejamento das ações para equilíbrio das despesas e objetivos de poupança”, explicou Maurício, citando um método de administração para classificação de informações, em que A, são os itens de maior importância ou impacto, B são itens importantes com menor impacto, e C são os itens de pouca importância para o resultado.

Além do gerenciamento detalhado, Tais e Maurício mantêm uma rotina frequente de conversas sobre gastos e aplicações. “Esse controle nos permite ter um dia a dia mais tranquilo. O que economizamos podemos investir no futuro das nossas filhas e ainda fazer aplicações individuais”, disse Maurício. O casal explica que a economia também dá tranquilidade quando aparece uma despesa extra. “A economia nos permite outros gastos, como fazer uma viagem ou comprar um móvel novo”, explica Maurício, lembrando que a decisão final é sempre tomada em conjunto.

Fonte: Caixa Econômica 

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