Entrega amigável: uma opção para quem quer sair das dívidas com o financiamento

Pode parecer assustador quando o operador de telemarketing sugere que o cliente entregue o seu carro para quitar as parcelas do veículo que estão atrasadas. A primeira vista, a proposta parece um péssimo negócio, entretanto muitos brasileiros têm optado por essa saída após uma análise mais minuciosa da situação. Mas, afinal de contas, quais os benefícios da entrega amigável?

O gerente de cobranças Alvir da Silva é especialista em acordos de entrega de veículo e explica como funciona o processo e quais as vantagens para o consumidor. “Para um cliente que está com dificuldades financeiras hoje, pagar cinco ou seis parcelas acumuladas, pode ser algo muito difícil no mês”, analisa o gerente.

Na entrega amigável o cliente devolve o veículo para o banco, e não paga por isso. “É possível  sair com todo o saldo devedor liquidado. Dívidas, multas, pendências com impostos, e as parcelas em atraso: tudo desaparece. O cliente abre mão do carro, mas fica sem dívidas, com o nome limpo e com a possibilidade de fazer um novo financiamento no mercado”, detalha. Para Silva um dos maiores benefícios da entrega é evitar dores de cabeças futuras e manter a credibilidade no mercado financeiro.

“Aqueles que atrasam as parcelas e resistem a entregar o veículo, ficam com restrições no Serasa/Spc, além de sofrer um processo judicial de Busca e Apreensão, isso é ruim, pois impossibilita o cliente de realizar empréstimos, ou até mesmo compra ou venda de imóveis”, explica o especialista.

A entrega amigável é um procedimento mais comum do que se pensa no país. Ela pode ser a solução para os consumidores que estão inadimplentes com as prestações do carro. Para que a entrega amigável se efetive, o cliente autoriza uma empresa de recuperação de ativos a submeter a proposta de entrega ao banco, que por sua vez analisará viabilidade da entrega, e após aprovada basta somente o cliente assinar as documentações necessárias e entregar o bem, no geral não demora mais que 48 horas a partir do momento em que o cliente dá o ‘sim’ para a entrega, até a remoção do bem. Lembrando ainda, que o procedimento de remoção do veículo pode ser realizado na casa do cliente, e os custos desta remoção são arcados pela empresa, garantindo assim maior comodidade, e evitando outros transtornos.

Em tempos de alta de recessão, muitos consumidores andam com dificuldades de manter as contas em dia. Aí é que entra a necessidade de uma boa e detalhada avaliação financeira. O consumidor precisa se preocupar com as contas com juros e penalidades mais altas. “Para o cliente endividado com financiamento a minha dica é perguntar sobre proposta de quitação total do veículo. Se o cliente parcelou um carro em 60 vezes, pagou 15, mas está com 5 [parcelas] em atraso, é possível submeter a proposta ao banco e, caso aprovada, todo o saldo devedor do contrato será liquidado, inclusive se ele tiver com débitos Detran, como IPVA e multas, a quitação é total”, orienta.

Alguns clientes resistem à entrega por pensar no valor já investido. Sobre esta defesa, o gerente argumenta “As parcelas que o cliente já pagou, podem ser vistas como um aluguel, afinal ele usufruiu do bem enquanto estava pagando as parcelas em dia. O cliente precisa entender que o carro só é dele depois de totalmente pago e livre da restrição de alienação”. O que vale pensar também, são os riscos do banco ajuizar com a busca e apreensão do veículo. Hoje, os credores podem ingressar com a busca mesmo quando restam poucas parcelas para o pagamento total da dívida. Outra novidade, é que agora o processo de apreensão do veículo pode ocorrer em em qualquer cidade, independente da residência do cliente.

“Antes, se um mudasse de cidade, tínhamos que solicitar carta precatória ao juiz, hoje a busca pode ser feita com o cliente estando em qualquer lugar, mesmo que a busca seja de comarca diferente. Além do constrangimento de ter o carro apreendido, o cliente que passa por essa situação normalmente fica sem carro e com dívida”, explica Silva ao contar que os carros apreendidos passam por leilão, ou seja, são vendidos a um valor bem abaixo da média, por isso é comum o cliente ainda ter que arcar com o saldo remanescente da dívida, pois serão apuradas todas as despesas da venda.

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