João Vitor Policarpo Primo tem 15 anos e administra todo mês o valor de R$ 150, que recebe dos pais para o pagamento da sua alimentação e de tudo o que precisa em relação a atividades da escola, quando é necessário providenciar algum material.
“Antes eu tinha que pedir o dinheiro cada vez que precisava para o lanche ou para o almoço ou para o material. Meus pais me davam mais do que o necessário. Agora eu controlo porque tenho a noção do limite. Tenho liberdade financeira e facilidade, mas também tenho que administrar o que estou gastando”, declara João Vitor, que utiliza a mesada com o cartão de crédito que tem um teto de gastos renovado uma vez por mês.
O jovem é filho do servidor Sérgio Luiz Primo, que é gestor tributário da Secretaria Municipal de Finanças e que decidiu há dois anos adotar a experiência da mesada para o filho.
O estudante revela que às vezes sobra algum dinheiro de um mês para o outro e o que a sobra entra na cota do período seguinte. “Acho bom para mim que sou adolescente e não tenho independência financeira. Gera censo administrativo”, diz ele, que pretende estudar engenharia elétrica.
Para fazer render o dinheiro, para o almoço, ele prefere os restaurantes que cobram por pessoa em vez dos que vendem por quilo. “Eu como bem, vale a pena almoçar melhor e, neste caso, não vale a pena restaurante por quilo”, avalia.
O pai de João Vitor conta que a ideia de organizar a mesada desde os 13 anos do filho surgiu por questões de ordem prática, mas também porque ele acredita que é uma forma de educar.
“Não apenas financeiramente. No mundo materialista que vivemos, é importante que os nossos filhos tenham noção de quanto custa cada coisa e também saber o valor do dinheiro. As coisas não podem ser tão fáceis. Saber se privar de alguma coisa que se quer faz parte da formação financeira e de caráter”, declara Sérgio Luiz Primo. Ele espera que isso ajude no futuro para que o filho saiba dar valor nas coisas que conquistar por seu próprio esforço.
Desde os 5 anos
A experiência de Sérgio e do João Vitor é um bom exemplo de educação financeira. O especialista em finanças pessoais Altemir Farinhas diz que a mesada ou semanada é o melhor recurso para que crianças a partir dos 5 anos comecem a aprender a usar o dinheiro.
“O ideal é que os pais deixem a criança utilizar o dinheiro que recebem a seu modo. É preciso respeitar a escolha delas. Mas trata-se de uma liberdade vigiada, os pais devem acompanhar”, diz Farinhas.
O especialista recomenda que a família estabeleça um valor dentro da sua capacidade financeira. “Mas não pode ser tão pouco”, alerta. Ele observa que na internet existem informações distorcidas sobre como ensinar a criança a usar e a economizar o dinheiro e ser um adulto consciente.
Um dos equívocos é misturar um dinheiro que a criança ganha, por exemplo, com a mesada. “São coisas diferentes. E é importante não transformar a mesada em punição. Se a criança ajuda em casa ou tira nota boa na escola, recebe a mesada. Se não ajuda ou fala palavrão, não recebe. Isso não é educação financeira. Ajudar em casa é um ato de amor, não tem a ver com dinheiro”, analisa.
Separação do dinheiro em vidros pode auxiliar a criança a decidir como vai usar a mesada
Um dos recursos que o especialista Altemir Farinhas sugere é o uso de três vidros para que a criança possa separar em grupos como quer usar o dinheiro. Um deles é para o que a criança vai gastar, o outro para o que ela vai poupar e terceiro para doar.
“Os pais vão perceber como é o pensamento da criança. O vidro dos gastos é para tudo o que ela escolher, o da poupança é para os sonhos dela, o das doações pode ser construído ao longo do tempo para que em algum momento a criança decida como quer ajudar alguém, isso pode ser feito, por exemplo, aos poucos, pensando no Dia das Crianças ou no Natal”, justifica.
Com o tempo, de acordo com Farinhas, a criança vai descobrir como é bom sonhar, fazer planos, realizar seus projetos. “Um sonho realizado fará com que outros sonhos sejam realizados no futuro. Uma conquista leva a outra”, define.
A aplicação da mesada ou semanada para o aprendizado sobre o uso do dinheiro será objeto de um curso a distância que o especialista lançará no mês de maio pelo site www.equilibriofinanceiro.com.br.
Fonte: Agência de Notícias da Prefeitura de Curitiba